quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Capítulo I - Por las calles desconocidas (parte 2)



Parte 2 - No Way*

"O que aconteceu? Como vim parar aqui? Que lugar é esse tão sombrio, tão assustador? [...] Que lugar é esse? Infinito, vazio... Sou eu, infinitude, vazio, está dentro de mim... Quem sou eu? O que aconteceu? Onde estou? No meu próprio inferno, andando por ruas desconhecidas...".  Continuo na minha odisseia, andando sem saber em direção a quê. Já começo a acostumar com a penumbra e parece que, a todo tempo, percebo vultos que perseguem a minha histeria, os ruídos se transformaram em gritos agudos que ferem meus ouvidos como se agulhas fossem enfiadas periodicamente, concomitantemente, dolorosamente... Meus sentidos já não respondem minhas ordens, ando sem rumo, arrasto-me pelos caminhos gelados e tortuosos que minha própria alma me impõe, tudo parece mais aterrorizante... Alguma coisa me tocou? O que será? A sensação do toque alivia meu sofrimento, pareço ter chegado em algum lugar, alguma materialidade que corresponde a estar no caminho (certo?). Minha pele, antes desacostumada ao toque, pela aventura que aqui vos digo, arrepia-se com essa nova possibilidade...

Que sensação nova é essa? Essa segurança que toma meus pés, minhas pernas, me puxando... SOCORRO! Essa coisa está se apoderando de mim, estou caindo no fundo, sem fundo, de uma experiência ameaçadora, nova, desconhecida (e como todo desconhecido, inaceitável). Grito com toda minha força, a sensação, antes reconfortante, ganha ares de uma tortura, garras apertam meu corpo como se amassando um copo descartável em uma brincadeira sádica. Meus ossos estalam sufocados pela força descomunal, impactados, compactados... Tento livrar-me do meu algoz, quanto mais tento, mais preso, mais dor, desmaio... Sem outras opções, sem caminho, deixo meu corpo.

*Sem caminho

CONTINUA...

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